Sobram celas e faltam condenados na Holanda

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Por AE Brasil el 03 de November de 2022 a las 20:49 HS
Sobram celas e faltam condenados na Holanda-0

A Holanda enfrenta um problema incomum: cadeias e penitenciárias vazias e prisões desativadas.

 

Segundo dados oficiais, a população carcerária do país caiu 43% nos últimos 10 anos. Recentemente, 19 prisões foram fechadas e outras tantas deverão ser desativadas até o ano que vem, de acordo com a BBC. 

 

Problema para um país?

 

Na prisão de segurança máxima de Norgerhaven, no norte da Holanda, 

ficam apenas 243 detentos. Segundo o vice-diretor Jan Roelof van der Spoel, os presos recebem um olhar mais individualizado, o que facilita a reabilitação. "No caso de problema com drogas, é tratado o vício. Se é agressivo, providenciamos gestão da raiva.", disse ele à BBC. 

 

Na Holanda, menos de 10% dos presos retornam à prisão. Nos EUA, esse número é de 50%, no Brasil estima-se que haja uma taxa geral de reincidência de até 70%. 

 

Há 10 anos, o cenário era bem diferente na Holanda, e o país possuía uma das maiores populações carcerárias da Europa. Algumas decisões do governo contribuíram para isso. Entre elas, a medida de expulsar traficantes estrangeiros que tentavam entrar no país carregados de cocaína - muitos países mantêm estrangeiros presos em seus territórios, o que gera um custo altíssimo para os sistemas judiciário e carcerário.

 

Críticos das celas vazias

 

Fora isso, o foco da polícia holandesa mudou para o tráfico humano e o terrorismo. Uma outra questão é que penas alternativas à prisão estão sendo cada vez mais aplicadas, como trabalhos comunitários, multas e monitoramento eletrônico. A restrição da liberdade é usada aos casos de criminosos de alta periculosidade ou detentos em situação vulnerável.

 

Os críticos alegam que há um aumento da impunidade e também uma dificuldade em registrar queixas, já que muitas delegacias foram fechadas. Oficialmente, os crimes caíram 25% na Holanda desde 2008. 

 

Hotel de luxo e celas alugadas

 

Com o fechamento das prisões, poucos querem seguir a carreira de agente prisional e quem trabalha no sistema está desanimado com o futuro, já que o setor está na mira dos cortes de gastos por conta da falta de ocupação das celas.

 

Muitas das prisões desativas foram convertidas em centros de triagem para receber refugiados. Uma unidade nas imediações de Amsterdã virou um hotel de luxo. Teve ainda uma unidade prisional em que celas desocupadas foram alugadas para prisioneiros "importados" de países com problemas de lotação, como Bélgica e Noruega. Apesar de os prisioneiros serem de fora, os guardas ainda são holandeses. 

 

 


Fonte: BBC

Imagem: OFFFSTOCK/Shutterstock.com